Independência do Haiti

Independência   em   São   Domingos

 As terras onde hoje é o Haiti faziam parte da ilha de Hispaniola, onde o navegador genovês Cristóvão Colombo aportou em 1492. Na segunda metade do século XVII, a parte ocidental da ilha, rebatizada então de São Domingos, foi ocupada pelos franceses, enquanto a parte oriental permaneceu com os espanhóis.

Na parte ocupada pelos franceses foram construídas grandes fazendas (plantations) cultivadas por africanos escravizados que produziam gêneros tropicais, como fumo, algodão, açúcar e rum (bebida alcoólica extraída da cana). A exportação dessas mercadorias tornou essa colônia a mais rica entre as colônias francesas. Em 1789, São Domingos era responsável por dois terços do comércio exterior francês, incluindo-se aí o lucrativo tráfico de africanos escravizados pelo Atlântico.

Naquela época, os colonos brancos constituíam 7% da população, enquanto os negros compunham 87% do total. A elite da ilha vivia luxuosamente, enquanto os trabalhadores escravizados eram vítimas de maus-tratos, doenças e fome, sendo alto o índice de mortalidade entre eles.

Reagindo a essa situação opressiva, os escravizados promoviam fugas e a formação de quilombos. Em 1791, os trabalhadores dos canaviais do norte de São Domingos promoveram um levante escravo de grandes proporções. Os rebeldes exigiam melhores condições de trabalho e mais tempo para cultivar a própria roça.

 Liderado por Toussaint L'Ouverture, o levante ganhou força no mesmo período em que os jacobinos assumiam o poder na França e aboliam a escravidão nas colônias francesas (1794).

 Com isso, os escravizados de São Domingos passavam à condição de libertos. Com o apoio deles, L'Ouverture ascendeu ao poder na parte ocidental da ilha e, em seguida, conquistou a parte oriental, pertencente à Espanha, onde também aboliu a escravidão.

Toussaint Louverture e Jean Jacques Dessalines, líderes da Independência do Haiti
Toussaint Louverture e Jean Jacques Dessalines, líderes da Independência do Haiti

 A Formação do Haiti

Entre 1794 e 1802, a ilha foi governada por L'Ouverture, que tentou reorganizar sua economia. Mas o líder negro sofreu forte oposição dos senhores brancos, de parte dos mestiços e teve ainda contra si o fato de os libertos não quererem trabalhar nas fazendas de seus antigos senhores. Enquanto isso, na França, ocorreu uma nova reviravolta no processo: Napoleão Bonaparte tomou o poder, anulou a lei abolicionista aprovada pelos jacobinos e enviou um exército de 25 mil homens para retomar São Domingos. As forças de Bonaparte invadiram a ilha, prenderam o líder negro e o enviaram à França, onde ele foi torturado e morto. As lutas pela independência, no entanto, continuaram, agora sob o comando do escravizado Jean-Jacques Dessalines, que tinha sido general no exército de L'Ouverture. Usando como lema "Liberdade ou morte!", o exército de Dessalines conseguiu vencer os franceses e proclamar a independência de São Domingos, em 1804. O novo governo optou pelo nome indígena da ilha: Haiti, do aruaque ahiti, que significa "terra montanhosa". A República do Haiti foi a primeira nação da América a abolir a escravidão e a segunda a se tornar independente. A França, no entanto, só reconheceu a independência do Haiti 21 anos depois e mediante vultosa indenização. As lutas vitoriosas dos negros escravizados no Haiti espalharam por toda a América o haitianismo, isto é, o medo de levantes de escravizados bem-sucedidos, como os que moveram a luta pela liberdade naquela ilha da América Central.


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